DISCIPLINA: TÉCNICA E TEORIA DO RESTAURO II
PROFESSOR ORIENTADOR: ELSO DE FREITAS MOISINHO
ACADÊMICOS: JOSÉ RENATO FONSECA MATOS E JACKELINE NASCIMENTO
LEAL
PARIPIRANGA-BA
Outubro de 2019
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 03
2. IDENTIFICAÇÃO E CONHECIMENTO DO BEM ................................................. 04
2.1. PESQUISA HISTÓRICA.......................................................................................... 04
2.2. LEVANTAMENTO FÍSICO .................................................................................... 04
2.3. ANÁLISE TIPOLÓGICA, E SISTEMA DE COSTRUÇÃO .................................. 04
2.4. PROSPECÇÕES ....................................................................................................... 05
2.4.1. ARQUITETÔNICA.................................................................................................. 05
2.4.2. ESTRUTURAL E DO SISTEMA CONSTRUTIVO............................................... 05
3. DIAGNÓSTICO............................................................................................................. 05
3.1. MAPEAMENTO DE DANOS................................................................................. 06
3.2. ANÁLISE DO ESTADO DA CONSTRUÇÃO ...................................................... 07
3.3. ESTUDOS GEOTÉCNICOS ................................................................................... 07
3.4. ENSAIOS E TESTES .............................................................................................. 07
4. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO............................................................................... 08
4.1. ESTUDO PRELIMINAR ............................................................................................ 08
4.2. PROJETO BÁSICO DE INTERVENÇÃO................................................................. 08
4.3. PROJETO EXECULTIVO.......................................................................................... 09
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1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho trata-se de uma proposta de intervenção arquitetônica da disciplina
de Teoria e Técnica do Restauro II, do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade
UniAGES, localizada na cidade de Paripiranga no interior da Bahia. Dessa forma foi escolhido
como objeto de estudo e intervenção em um “Sobrado” localizado na zona rural, a 3km da
cidade no povoado Sabão, o qual fora construído na década de 1930, como uma fortaleza de
proteção contra Lampião e seu bando de Cangaceiros que amedrontavam a população local.
Nesse caminhar o presente trabalho visa ampliar e instigar a valorização e
reconhecimento desse bem histórico como algo de valor inegável a história e cultura da
sociedade paripiranguense. Uma vez que esse tornou-se com o decorrer dos anos um ponto de
referência e símbolo de contos históricos e relatos vivenciados pela sociedade ali residentes na
época de sua construção e períodos de maior aflição com o movimento do Cangaço, entre 1925
a 1940.
Esta obra de arquitetura está entre os primeiros edifícios construídos no município de
Paripiranga, tendo como diferencial sua localização (zona rural) e seus objetivos que foi de uma
fortaleza para supostos confrontos e proteção contra cangaceiros do bando de lampião que
rondavam por estas bandas roubando, cometendo atrocidades e praticando a violência por onde
passavam. Essa serviu posteriormente e após alguns ajustes arquitetônicos como moradia.
Contudo, objetiva-se com a intervenção do “Sobrado”, além da valorização do bem como
símbolo histórico regional, despertar o olhar e interesse da sociedade para a valorização de bens
e formas de expressões culturais que são únicas e marcam a identidade social a que pertence.
Dessa maneira será criado formas de atrair as pessoas para o espaço, ampliando laços entre bem
histórico, atividades culturais regionais e sociedade, através de ideias e formas convidativas
buscando instigar a valorização dos espaços e com isso manter um maior cuidado com o bem.
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2 IDENTIFICAÇÃO E CONHECIMENTO DO BEM
2.1 PESQUISA HISTÓRICA
Segundo relatos de Renato Ferreira Santana (2019), morador da edificação por 30 anos
seu pai Vitor Cande de Santana contava constantemente as histórias por ele vivenciada de como
durante várias noites grupos de amigos se juntavam para esperar cangaceiros que passavam por
essas bandas roubando e assassinando pessoas, ainda segundo ele uma das estratégias que
utilizavam era o aviso através do uso de fogos de artifício, por moradores de regiões próximas,
quando os grupos de bandidos estavam se aproximando.
Ainda na entrevista Renato nos informou da existência de reformas ocorridas por volta
da década de 50, com a abertura das portas frontais e mais algumas janelas laterais, pois o
projeto inicial possuía apenas janelas superiores frontais e laterais e uma única porta lateral
protegida por muro, no mais, foi construído uma casa de farinha localizada a 10m da lateral
esquerda do sobrado e uma venda de bebidas adaptada posteriormente na lateral direita, aberta
no muro de proteção ali existente.
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Do ponto de vista de Carregosa
(2019. P.66-67), esta edificação é a
marca viva da presença do cangaço
na região (de onde alguns de seus
membros surgiram), servido durante
anos como fortaleza para abrigar
voluntários na luta e proteção contra
a violência do cangaço que durante as
décadas de 1920 a 1940
amedrontavam a população da vila e
das regiões interioranas. Embora
nenhum confronto tenha acontecido
no local devido à, segundo Pedro do
Rosário Matos e Valda do Rosário
matos o Cangaceiro ter medo do
confronto já que os moradores
mantinham vantagem protegidos
dentro da fortaleza.
Embora a década a que
remonta essa edificação seja a mesma
que marcou o início da entrada do
modernismo no Brasil, suas
características remontam
peculiaridades próprias de uma
arquitetura um pouco fora do
contexto tendo em vista o que era
produzido nas grandes cidades
brasileiras na mesma época,
desenvolvida no nordeste brasileiro
classificada como “arquitetura
sertaneja” (DINIZ, 2013). É uma
edificação características da zona rural das cidades nordestinas que tinha além da função de
moradia, o objetivo de garantir uma maior proteção contra cangaceiros e bandidos comuns.
Neste contexto, mesmo essa datando do início do século XIX, o “Sobrado” possui
características tradicionais coloniais com alguns incrementos em sua fachada frontal que a
Foto 1-vista frontal atual do “sobrado” edifício construído na década de 1930
por morador da zona rural. Arquivo pessoal.
Foto 2-vista de perfil do “sobrado” edifício construído na década de 1930 por
morador da zona rural. Arquivo pessoal.
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princípio a caracteriza como estilo neocolonial, porem possuindo arranjos mais simplificados,
adaptados à realidade da região. Segundo Diniz (2013), esse estilo arquitetônico pode ser
caracterizado como “Arquitetura Sertaneja”, pois possui peculiaridades próprias vinculadas a
sua história e funções que exercia.
Como uma obra histórica que marcou um determinado período na região (a presença do
Cangaço e a aflição dos mais fracos que eram vítimas de saques, abusos e execuções), a
edificação deve ser tombada em prol de salvaguardar em suas características e detalhes um
reflexo de sua existência e da história por ele vivenciada. Pois como é colocado por John Ruskin
(2008) e ainda é reforçado pela Carta de Veneza de 1962, não se deve limitar a proteção de bens
históricos apenas a edifícios grandiosos de épocas passadas, é preciso ser fiel a história, e uma
edificação antiga que vivenciou acontecimentos importantes que marcaram uma época e são
contados até os dias atuais, mesmo não tendo imponência grandiosa nem beleza artística,
certamente deve ser tombada e protegida igualmente como um edifício grandioso. Assim, e
como recomendado na carta de Veneza de 1962, o prédio deve ser inscrito no livro do tombo
visando sua proteção e conservação, além da restauração de partes danificadas.
Segundo as pesquisas bibliográficas e online realizadas no PORTAL IPHAN esse
“Sobrado” se enquadraria nos pré-requisitos para ser inscrito no “Livro do Tombo Histórico”
onde são [...], “inscritos os bens culturais em função do valor histórico. É formado pelo conjunto
dos bens móveis e imóveis existentes no Brasil e cuja conservação seja de interesse público por
sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil. Segundo Fonseca ( 2005) foi no
modernismo que intelectuais desenvolveram serviços destinados a proteção de obras históricas
através do IPHAN, e, foi quando começaram se tornar o patrimônio como uma questão visível
perante a sociedade e representantes. Logo, o IPHAN que surgiu em meio a grandes mudanças
políticas no Brasil em (1936), torna-se o movimento cultural mais importante das primeiras
décadas do século XX.
O Livro do Tombo, para melhor condução das ações do Iphan, reúne, especificamente,
os bens culturais em função do seu valor histórico que se dividem em bens imóveis (edificações,
fazendas, marcos, chafarizes, pontes, centros históricos, por exemplo) e móveis (imagens,
mobiliário, quadros e xilogravuras, entre outras peças).” Pois, como citado anteriormente e
reforçado por Carregosa (2019), trata-se de uma edificação importante para a história da
sociedade, marcando um período conturbador entre conflitos com “Cangaceiros” e “Macacos”
(policia), em que a população sertaneja era quem mais sofria nesse meio.
Nesse contexto e apoiado pelas ideologias de CASTELLS e NARDI (2012. p. 28) em que
dizem “[...], entendemos que os processos de patrimonialização desencadeados nas novas
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configurações urbanas, sujeitos a uniformização e ao alto consumo visual, não devem ser
interpretados como resultado somente de interesses econômicos independentes e absolutos”,
busca-se uma valorização do bem histórico pela sua própria história e formas artísticas e
arquitetônicas que possui, utilizando novos usos apenas como uma ferramenta que possa
garantir e despertar o envolvimento da sociedade nas questões ligadas a utilização e preservação
do bem histórico, nesse caso em especial o “Sobrado”.
2.2 LEVANTAMENTO FÍSICO
A edificação possui uma localização estratégica em um ponto mais elevado do terreno e
em uma encruzilhada (cruzamento de três acessos), com sua fachada frontal e acessos principais
voltados para a estrada (via) mais íngreme
possibilitando um maior ângulo de visão das áreas
externas frontais. Um ponto interessante desse
conjunto arquitetônico é que possui muros de proteção
na lateral direita onde se localiza as únicas aberturas
além das janelas frontais. Essa configuração
arquitetônica obrigaria qualquer tentativa de invasão
ao local a se concentrar na parte frontal e lateral direita,
as quais eram protegiam fortemente por homens armados no pavimento superior com vista
privilegiada para alvos abaixo.
No interior uma escada de madeira com largura de 0,86m, dar acesso ao pavimento
superior, que possui um piso em tijolos de argila queimada assentado sobre uma laje de madeira
(tablado de madeira maciça). Todo restante da edificação possui o mesmo piso em tijolos de
argila queimada medindo 0,22m por 0,22m assentado com uma massa argilosa (barro feito com
argila e água apenas).
2.3 ANÁLISE TIPOLÓGICA, E SISTEMA DE COSTRUÇÃO
Foto-3. Localização do Sobrado. Imagem google
eatch
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A edificação foi construída com adobe de argila queimada (técnica muito utilizada no
Brasil colonial) unidos com barro (massa cremosa de
argila e água) e rebocada com uma massa de areia e
cal. Não há indícios de pilares estruturais, apenas
paredes largas como a frontal e laterais medindo
0,63m, o que nos leva a perceber que devido ao tipo
de solo da região ser firme não havia preocupação
quanto a desabamento e como foi possível observar
no local não há indícios de rachaduras ou fissuras.
Sua configuração arquitetônica consiste em
pavimento térreo contendo sala de estar frontal (1),
hall de acesso (2) em baixa da escada, sala
de jantar (3), quarto (4), sala de apoio a cozinha (5) e cozinha (6); mais um único cômodo no
superior o quarto do casal (7). Além da escada de acesso composta por base de quatro degraus
em cimento e o restante em tabuas madeira fixadas entre as paredes laterais.
Foto-4. Planta baixa atual da edificação. Arquivo pessoal Foto-5. Planta baixa atual 1o pavimento da
edificação. Arquivo pessoal
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A edificação é coberta com telha cerâmica
amarelada feira na cocha (forma manual de fazer
telhas utilizando a cocha como apoio para moldar
o formato), sustentado por longas terças de
madeira maciça, caibros redondo de forma natural
e ripas de taliscas de mandacaru de faixo (planta
típica do sertão muito utilizada devido a facilidade
de extrair tiras finas, fortes e longas). O piso
interno é em tijolo de argila queimado e o externo
que se situa apenas na parte frontal da casa é em pedras brutas lascadas.
2.4 PROSPECÇÕES
2.4.1 ARQUITETÔNICA
Em termos de danificação foi constatado na edificação
algumas alterações em seu formato arquitetônico, havendo a
abertura de duas portas frontais, uma janela na cozinha,
localizada na lateral esquerda e a retirada do muro de proteção
da lateral direita. Os pisos e telhado são os originais, a pintura
em que se encontra hoje é branco. No entanto com uma
pequena raspagem percebeu-se que a primeira pintura era
amarelo queimado fosco, feito a partir de cal e corantes em
pó.
Com base nos dados levantados a partir de entrevistas
com pessoas idosas que fizeram parte do contexto histórico
da localidade “sabão”, onde a edificação se situa, foi possível
criar um croqui esboçando a aparência física inicial da
edificação. Essa não possuía portas frontais, apenas janelas
superiores e ao lado direito protegido por muro uma porta e
duas janelas superiores. Nota-se que se tratava de uma
configuração arquitetônica voltada para proteção.
2.4.2 ESTRUTURAL E DO SISTEMA CONSTRUTIVO
Foto-6. Detalhe do método construtivo. Arquivo pessoal
Foto-7. Imagem da pintura externa.
Arquivo pessoal
Foto-8. Croqui do projeto inicial.
Arquivo pessoal
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A edificação é toda feita em adobe de
argila queimada assentado com barro (massa de
argila e água) com paredes extensas e sem
pilares estruturais, havendo apenas nos
fechamentos das portas peças em madeira
maciça embutidas para suportar o peso do vão.
Sua escada de acesso ao único cômodo superior
era feira em taboas de madeira, tendo sido alterado seus quatro primeiros degraus que devido a
degradação, na última reforma passaram a ser de alvenaria e cimento.
3 DIAGNÓSTICO
3.1 MAPEAMENTO DE DANOS
Foto-9. Vista lateral direita da
Foto-10. Vista fachada lateral direita da edificação. Com mapeamento de danos atuais. Arquivo pessoal
Foto-11. Vista lateral esquerda com mapeamento de danos atuais. Arquivo pessoal.
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3.2 ANÁLISE DO ESTADO DA CONSTRUÇÃO
Os danos físicos encontrados são áreas sem
reboco e pintura em ambas as fachadas da
edificação (Imagem -2), com alguns frisos
inferiores das janelas desgastados. Portas e janelas
sem pintura originais, mas bem conservadas.
O telhado do “Sobrado” é em telha cerâmica
amarelada fabricada de forma artesanal, essa possui
apenas o escurecimento feito devido à degradação
normal do tempo e das mudanças climáticas que em
tempos de chuva acumula limo e no verão esse é
transformado uma espécie de poeira assentada. O
madeiramento ainda é o primeiro, com peças em
madeira maciça e caibros redondos de madeira
retirada ainda jovem e ripas em taliscas de
mandacaru de faixo, todos com boa conservação.
Escada de acesso ao pavimento superior em
taboas de madeira maciça, com escoras e
Foto-12. Vista frontal com mapeamento de danos
atuais. Arquivo pessoal.
Foto-13. Vista dos fundos com mapeamento de danos
atuais. Arquivo pessoal.
Foto 14-vista de madeiramento. Arquivo pessoal.
Foto 15. Vista inferior e superior da escada de madeira
(acesso ao pav. Superior). Arquivo pessoal.
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necessitando fazer manutenção em algumas peças dos
patamares. Os tres primeiros degraus foram
substituidos por estrutura em alvenaria rebocada,
devido ao nivel de degradação estar avançado.
Os pisos da edificação são: internos em tijolo de
argila queimado feito de forma artesanal utilizando
forma de madeira (técnica muito comum na região),
esse possui bom estado de conservação, necessitando apenas de uma limpeza e alguns pequenos
detalhes de mudança de cor devido ao acumulo de sugeira; externos feito com pedras naturais
lascadas de forma bruta tipo calçamento, com boa conservação, porém com algumas pedras
faltando.
A base superior (laje) é constituída de
estrutura em tablado de madeira maciça, com
cruzamento de peças mais robustas para
sustentação e pilar central na sala (cômodo
inferior). Em cima da base de madeira foi
assentado o mesmo piso de tijolo do pavimento
inferior, unidos a partir do uso de massa de
argila e água (barro). Este conjunto encontra-
se em bom estado de conservação devido a boa
qualidade da madeira utilizada.
Foto 18. Piso interno em tijolo de argila queimada. Arquivo
pessoal.
Foto 16 vista inferior da escada. Arquivo pessoal.
Foto 17. Calçamento em pedras naturais lascadas. Arquivo
pessoal.
Foto 19. Vista inferior do piso (laje) de madeira. Arquivo pessoal.
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3.3 ESTUDOS GEOTÉCNICOS
Devido a precariedade de instrumentalização para a realização dos estudos geotécnicos
essa etapa desse trabalho ficara incompleta, assegurada apenas em analises a superficiais de
modo empírico.
3.4 ENSAIOS E TESTES
Esse requisito necessita de análises laboratoriais das quais nossa região não dispõe, nesse
caso é mais uma etapa que fica respaldada em conhecimentos empíricos feitos pelo pesquisador
e observador.
4 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
Esse trabalho tem como conceito a ideia de criar formas de atrair as pessoas para o espaço,
criando laços entre bem histórico, atividades culturais regionais e sociedade, através de ideias
e formas convidativas buscando ampliar a valorização dos espaços e com isso manter um maior
cuidado com o bem. Nesse sentido, toma-se como partido arquitetônico a criação de ambientes
de lazer internos e externos, com áreas de apreciação cultural com exposição de objetos
representativos da história local e acesso facilitado a arquivos históricos, sejam em livros,
revistas ou informática.
Assim, como ideia central inspirado em referências dos arquitetos Normam Foster e Ahk
Architekti, discutidas por Baeta (2015), na Revista Arquitextos (anexos 1-2-3), que apresenta
projetos de restauro inovadores e polêmicos que deram certo, na tentativa de levar o público ao
espaço para coloca-los em contato com a história, será proposto a adequação do espaço e criação
de um restaurante temático com comidas típicas, a partir da ampliação do edifício.
Seguindo os princípios da busca pelo desenvolvimento da economia local e de dar
utilidade ao edifício para uma melhor conservação e manutenção permanente, recomendada
pela Norma de Quito de Novembro/Dezembro de 1967, foi que se pensou em um restaurante
temático que além de trazer renda contribuirá para a valorização e conservação dos bens
culturais e regionais. Além de estar acordado com os princípios da Carta de Brasília de 1995
quanto a valorização da autenticidade brasileira, uma vez que o edifício simboliza uma
produção genuína feita respeitando os estudos preliminares e peculiaridades culturais do local,
mesmo utilizando-se de referências externas.
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Sobre tal discurso as autoras Castells e Nardi, (2012) trazem o discurso para o modelo
contemporâneo de preservação histórica, o qual põe o patrimônio em uma posição socio
econômica que atraem turistas e aumentam sua valorização. São ações que produzem lugares e
afetam positivamente o mercado financeiro e são em cima dessas atividades e objetivos que a
valorização de bens patrimoniais ganham a atenção e podem adquirir, se bem exploradas, um
novo olhar poltico e social, frente ao desenvolvimento socio econômico nos locais em que esses
são inseridos, a depender de seus cenários patrimoniais.
Nesse sentido, o restaurante será edificado suspenso por pelotis e laje de concreto como
forma de garantir que se mantenha o solo intacto para possíveis escavações e estudos futuros,
com pisos internos em tijolos cerâmico queimados de 0,80mx0,80m mantendo uma textura e
coloração semelhante à da obra existente e diferenciando-se pelo tamanho dando um aspecto
mais contemporâneo, será trabalhada fachadas em vidro espelhado para que possa propagar as
cores da edificação existente, terraço jardim composto de grama nativa e plantas da região com
mesclas de painéis de vidro em estrutura de madeira disposto de forma ondulada inspirado no
relevo da paisagem.
4.1 ESTUDO PRELIMINAR
Nesta etapa de projeto foi
esboçado e representado uma
proposta de intervenção com a
ampliação da edificação para
implantação de um restaurante,
no entanto, as modificações
apresentadas fugiam um pouco
dos princípios do restauro
previsto na carta de Veneza e
retificado pelo IPHAN, pois sua
forma física se sobressaia da
edificação existente, a qual deve
ser o objeto principal da proposta
de intervenção, que preze pela seu
valor histórico, cultural e
artístico, aumentando assim os
cuidados e manutenção do bem.
Foto 20. Vista inferior do piso (laje) de madeira. Arquivo pessoal.
Foto 21. Vista inferior do piso (laje) de madeira. Arquivo pessoal.
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4.2 PROJETO BÁSICO DE INTERVENÇÃO
Foto 23. Planta de layout do projeto de intervenção. Arquivo pessoal.
Foto 22. Vista frontal do projeto de intervenção. Arquivo pessoal.
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Foto 25. Plantas de fachadas do projeto de intervenção. Arquivo pessoal.
Foto 24. Perspectiva do projeto de intervenção Arquivo pessoal.
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4.3 PROJETO EXECULTIVO
Esta etapa não foi necessária devido ao projeto ser apenas de caráter experimental,
cujo objetivo é o desenvolvimento de práticas educativas, habilidades e técnicas
sobre as atividades da conservação, preservação e restauro de bens históricos.
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REFERÊNCIA:
CARREGOSA, Antônio de Santana. Entre Padres e Coronéis. Aracaju. Infographics, 2019.
CARTA DE VENEZA. Disponível em:
http://portal.iphan.gov.br/portal/baixaFcdAnexo.do?id=236. Acesso em: 4 mar. 2010.
CASTELLS, Alice Norma González de; NARDI, Letícia. Patrimônio Cultural e a Cidade
Contemporânea. Florianópolis, Editora da UFSC, 2012.
CHOAY, Francoise. A alegoria do patrimônio. São Paulo: Estação Liberdade: UNESP, 2006.
FONSECA, Maria Cecília Londres. O Patrimônio em processo: trajetória da política federal
de preservação no Brasil. 2a Edição. Rio de Janeiro: UFRJ/MinC-IPHAN, 2005.296p.
Fonte- http://revistapesquisa.fapesp.br/2014/02/12/outros-sertoes/ Postado por CARIRI
CANGAÇO. Acesso em 08/08/2019
Fonte- https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/15.179/5534 postado por
Juliana Cardoso Nery e Rodrigo Espinha Baeta. Acesso em 26/09/2019
Fonte-https://www.archdaily.com.br/br/01-8579/museu-do-pao-moinho-colognese-brasil-
arquitetura. Postado por Brasil Arquitetura
IPHAN: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/608: Acesso em 06/08/2019
RUSKIN, John. A lâmpada da memória. Cotia – SP: Ateliê editorial, 2008